SM'ARTE deixou caretos e rituais das festas de inverno espalhados pelas paredes de Bragança

PUB.

Seg, 17/06/2019 - 10:49


Entre latas e latas de tinta, os caretos e as festas de inverno serviram, este ano, de tema ao SM'ARTE. O festival de street art de Bragança voltou, pela quarta vez, a colorir a cidade e agora há já mais de 60 intervenções espalhadas pela capital de distrito

Alguns alunos do agrupamento de Escolas Emídio Garcia, da Escola Profissional Prática e Universal e da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Bragança foram desafiados a decorar os “armários” de energia, em várias das ruas do centro histórico. Já os artistas convidados, que pintaram fachadas de prédios e muros e um posto de transformação da EDP, aplaudem a escolha do tema e garantem que ainda há muito mais, por aqui, para pintar. “É um tema que tem a ver com a região e com a cultura de Trás-os-Montes e deve-se ir por aí”, acredita Duarte Saraiva, artista local. “Sabemos que um mural, uma obra na rua, é visto por toda a gente e a arte também é para o povo”, revelou ainda sobre as intervenções que o festival tem deixado pela cidade. “Ainda outro dia estava a pensar em relação à dimensão da cidade e em relação ao número de intervenções que temos e acreditava que já são demais mas não são. Demais é os edifícios que ficam anos e anos à espera de ser remodelados ou que façam algo com eles”, disse Pedro Rodrigues, artista natural de Aveiro, mais conhecido como Lucky Hell. “Bragança, neste caso, não é uma cidade que tenha sujidade a nível de paredes, não tem tags nem grafittis de rua. Penso que nunca é demais então ter paredes bonitas até porque a cidade é grande”, sublinhou Ricardo Dobrões, artista de Vila Flor, conhecido como Trip Dtos.

Além da arte urbana, o festival contou com outras actividades. Pelo segundo ano consecutivo, o Jardim Dr. António José de Almeida abriu portas ao Mercado de Rua. Quem por aqui esteve a vender afirma que o festival dá outra vida à cidade mas lamenta que o mercado não se faça mais vezes. “Ainda não há esta cultura de feira de rua. Se este mercado fosse mensal já se criava essa cultura e essa rotina nas pessoas”, contou Paula Barreira. “Achei por bem participar até porque é uma actividade que se deve fazer regularmente em Bragança e se fosse uma vez por mês as pessoas ganhavam o hábito de vir”, referiu João Genésio. “Acho que aqui em Bragança ainda não está interiorizado que as peças em segunda mão não são uma vergonha”, disse Sara Rodrigues.

Para dar vida aos quatro dias de festival, o município investiu 15 mil euros. O vereador da câmara de Bragança, Miguel Abrunhosa, assegura que o projecto é para continuar. “Este ano ficaremos com mais de 60 intervenções. Tem havido cuidado na escolha da temática para não ferir a identidade da cidade e do território. Este projecto é para continuar porque torna a cidade mais criativa e moderna e tem atraído turistas”.

O festival decorreu entre quarta-feira e ontem. Uma das novidades desta edição foi a exposição que se instalou na zona verde do rio Fervença e que nasceu pela mão do colectivo “Conexões”, composto por 10 artistas locais. O SM'ARTE contou ainda com actividades desportivas e teatro de rua.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves