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IPB envolve-se em projecto de pastoreio dirigido para reduzir risco de incêndio

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Qui, 19/09/2019 - 10:48


Pastorear o terreno com ovelhas para prevenir incêndios: é este um dos propósitos do projecto Open2Preserve em que o Instituto Politécnico de Bragança está envolvido. A experiência-piloto de pastoreio dirigido está já a ser desenvolvida em Vimieiro, no concelho de Mirandela, onde foi ontem apresentada

O principal objectivo é estudar e demonstrar o efeito positivo do pastoreio dirigido, na redução do risco de incêndio e conservação da biodiversidade em áreas de elevado valor natural, mais vulneráveis por causa do abandono rural, como explica Alfredo Teixeira, professor e investigador do IPB. “Procura-se combater incêndios florestais e trazer, no fundo, uma preservação destes espaços de elevada riqueza ambiental. Esta parcela foi aqui localizada porque esta exactamente numa área típica da Rede Natura, da terra quente transmontana. Aquilo que aqui foi feito foi uma limpeza mecânica da parcela, que, a partir deste ano, quando começar o primeiro crescimento vegetativo, vai ser pastoreada por ovinos que vão ser controlados por nós, através de técnicas de GPS e vamos ter a percentagem do tempo que ocupam em cada uma dessas parcelas”.

Fernando Costa, pastor do rebanho com 170 cabeças de gado integrado no projecto em Vimieiro, garante que as ovelhas ajudam a limpar os terrenos por onde passam. “Têm bons dentes. As ovelhas quando não têm verdura agarram-se ao seco, às carvalheiras... isto é uma área bonita para o pastoreio. Isto de primavera deita erva e carvalheiras”.

O projecto associa ao pastoreio dirigido, com ovelhas e também cavalos, técnicas de fogo controlado ou limpeza mecânica. Amândio Carloto, secretário técnico da Associação de Ovinos de Raça Churra Galega Bragançana, espera que o projecto, que se pretende que seja replicado no país e leve à criação de empresas, possa também contribuir para mudar a imagem da produção pecuária. “Mostrar um outro lado da produção pecuária que não aquele que leva o senhor reitor da Universidade de Coimbra a impedir o consumo de carne de vaca. Estes animais fazem falta, fixam as pessoas ao local, diminuem o risco de incêndios, são essenciais. É extremamente importante para mudarmos a perspectiva de como se vê a pecuária em Portugal, especialmente quando não é qualquer carne. Há outras realidades para as quais se devia também olhar”.

O projecto integra um total de 12 equipas europeias de Portugal, Espanha e França, e é financiado pelo FEDER em mais de 1,7 milhões de euros. Está programado que termine em 2021 mas as entidades esperam que seja prologado para melhor avaliar o impacto destas práticas.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro