Qui, 19/10/2017 - 09:37
“É um problema que está a crescer a aumentar muito, também aparece mais cedo porque a manifestação da diabetes ocorre muito em paralelo com factores como obesidade, que depende um pouco daquilo que comemos, e o sedentarismo. O observatório da diabetes diz-nos que a partir dos 65 anos, em princípio, 25 % das pessoas, 1 em cada 4, tem diabetes. Imagine o que é implementar o exercício físico, alguma actividade e uma boa alimentação em populações com algumas limitações fortes a esse nível, é um desafio muito grande. O importante é saber tratar bem quem já tem diabetes e prevenir a que vem aí, está a aumentar tanto. Portanto, começando pelos mais novos, habituá-los a hábitos de vida promotores da saúde”, referiu.
Rosária Rodrigues, directora do Serviço de Nutrição e Alimentação da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSN), diz que em Trás-os-Montes existem todos os ingredientes necessários para fazer uma dieta saudável benéfica para evitar o problema, e essa vantagem tem sido pouco aproveitada pela população.
“A nossa população, se calhar, esquece-se um bocadinho da diabetes. Nós devemos ter uma incidência da doença superior aos números que conhecemos. Já há muita gente com diabetes principalmente tipo 2, obesos, com síndrome metabólico e que terão uma diabetes não diagnosticada e, por isso, não tratada. Temos os últimos números a nível nacional em que o estilo de dieta mediterrânica é praticado apenas por pouco mais de 20% da população, ou seja, muito abaixo do que o que seria de esperar. Em Trás-os-Montes temos todos os ingredientes para ter um estilo de vida saudável, uma alimentação mediterrânica, e devíamos aproveitar isso”, destacou a especialista.
E ainda há mitos em relação à alimentação que deve ser praticada por um diabético, o que, por vezes, leva a que surjam outras carências no organismo, como refere Flora Correia, nutricionista no Hospitalde São João.
“O mito mais perigoso é dizer que o diabético não pode comer arroz, batatas, massa, pão, porque leva a que o diabético evite alimentos que são importantes para o nosso metabolismo, para funcionarmos bem. Não é preciso comer 1 kg, é preciso comer a quantidade de acordo com as necessidades do diabético. Há diabéticos preocupados a alimentação e há aqueles que consideram que se fizerem a medicação já não precisam de controlar a alimentação, esses são aqueles que acabam por ter mais problemas em termos de controlo da sua própria diabetes. A medicação não chega, é importante perceber que a diabetes é tratada de 3 maneiras: com a alimentação, medicação e actividade física”, salientou a nutricionista.
Conclusões das II Jornadas da Diabetes do Nordeste Transmontano juntaram vários profissionais de saúde de diferentes instituições para trocar conhecimento sobre a problemática da diabetes, que decorreram em Macedo de Cavaleiros. No distrito de Bragança há cerca de 13300 diabéticos identificados actualmente. Escrito por Brigantia.