Bloco de Esquerda preocupado com o encerramento de estações dos CTT

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Sex, 19/10/2018 - 09:02


O Bloco de Esquerda acredita que está em marcha uma estratégia para encerrar todas as estações dos correios sem banco CTT. No distrito de Bragança isso significaria que apenas ficariam abertas as lojas de Bragança e Mirandela que tem actualmente o serviço.

O interior seria o mais prejudicado por este plano, já que a maioria das 400 estações que o partido estima que encerrem estão no interior, como adiantou ontem Gil Gonçalves, dirigente distrital de Bragança do Bloco de Esquerda. “É evidente que está em curso um plano de encerramento de todas as estações dos CTT onde não existe um banco. Apesar de não ser assumido, o plano está em andamento, sendo visíveis denúncias avulsas de concelhos do interior do país onde o serviço vai desaparecer, desvalorizando completamente a prestação do serviço postal universal em benefício da aposta no banco, que é construído em cima do património de centenas de anos de construção de um serviço essencial. A alternativa apontada pela empresa passa pela transferência do serviço para balcões em lojas e juntas de freguesia, que não vão cumprir com a mesma função. Esta denúncia tem de ser feita. Para o interior do país públicos, já fortemente fustigado pelo encerramento sistemático de serviços, representa o encerramento de centenas de estações”, afirmou.

Por entender que há o perigo de encerramento de centenas de estações e que as obrigações de concessão de serviço postal não estão a ser cumpridas pela empresa o Bloco reclama a reversão da privatização dos CTT.

“Os CTT têm que voltar para a esfera pública, Portugal e particularmente o interior do país está a sofrer as consequências da aplicação ”sem regra nem lei”, da lógica capitalista que diminui o estado a um mero cobrador de impostos para os distribuir para as grandes empresas lobistas. A destruição sistemática e calculista deste serviço público torna premente não só a revogação da concessão do serviço postal nacional, mas também a necessidade de ser encarada a reversão total de privatização. No sentido de permitir uma intervenção directa do Estado num serviço de interesse público que deve abranger inequivocamente todo o território nacional, assegurando a sua coesão e evitando o cada vez maior isolamento dos territórios de baixa densidade”, acrescentou Gil Gonçalves.

Jóni Ledo da distrital de Bragança do Bloco de Esquerda e deputado municipal em Vila Flor acredita que já muitos autarcas da região terão sido contactados pela empresa para discutir a intenção de encerramento. 

“Pareceu-me sempre estranho que no distrito de Bragança se falasse em Vila Flor e Vinhais como os únicos casos de encerramento, tanto pela densidade populacional como pela localização geográfica e estratégica destes dois municípios. Por isso, iniciei alguns contactos e o que se consta é que vários presidentes de câmara tiveram reuniões com administradores dos CTT da região norte para começar a reestruturar os serviços dos CTT, que significará passar de estações a meros balcões. Neste caso, no distrito de Bragança, em 12 concelhos apenas dois têm serviço de banco, aliás até possivelmente no caso de Bragança e como já aconteceu em Vila Real encerrar um dos postos de CTT. E por isso, considero que há ainda aqui muita coisa por explicar por alguns presidentes de câmara que tiveram essas reuniões”, destacou Joni Ledo.

O Bloco de Esquerda denunciou ontem o que considera ser uma razia no serviço postal, com o encerramento de centenas de estações substituídas por balcões, em particular no interior do país, em conferências de imprensa em simultâneo em vários distritos do interior, nomeadamente Bragança, Vila Real, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro